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Pai e filho pela Rota Vicentina de bicicleta
Rota Vicentina de Bicicleta: Nossa experiência de pai e filho
Por Paulo Fernandez
Compartilho a minha experiência ao percorrer a Rota Vicentina de bicicleta com meu filho no ano de 2018. Àqueles que também têm vontade de percorrê-la em bicicletas, este é nosso relato. Com este, quem deseja realizar este trajeto, poderá planejar esta belíssima rota sem incorrer em alguns erros que cometemos.
Também aproveito para convidar a todos a obter mais informações sobre a Rota Vicentina neste post.
Preparação para Rota Vicentina de bicicleta
A Rota Vicentina de bicicleta é uma aventura que vale super a pena, mas em função de algumas decisões nossas, não conseguimos aproveitar ao máximo os encantos e belezas da Costa Vicentina. O roteiro inicial era percorrer a Costa Vicentina pelo Alentejo até o Algarve, direção Sul de Portugal. Queríamos passar no Cabo de São Vicente, ponto sudoeste extremo, antes de finalizar a aventura na cidade de Lagos no Algarve.
As etapas que planejamos foram as seguintes:
- Partir do Rio de Janeiro no Brasil em direção à Lisboa;
- De Lisboa a Santiago do Cacém utilizar um ônibus/autocarro;
- Receber as bicicletas em Santiago do Cacém;
- Pedalar de Santiago do Cacém a Odemira;
- Pedalar de Odemira a Carrapateira;
- Pedalar de Carrapateira a Sagres e finalmente de Sagres a Lagos;
- Devolver as bicicletas em Sagres ou Lagos dependendo do horário;
- Pegar o trem/comboio de Lagos à cidade do Porto.
Sabíamos que poderíamos utilizar o transporte da empresa de aluguel das bicicletas para ir de Sagres à Lagos se fosse o caso. A depender de horário e logística, a configuração era devolvê-las ao chegar em Lagos. Assim, tomamos a decisão em 2018 de percorrer e conhecer a Rota Vicentina com bicicletas todo-terreno (BTT) aro 29 polegadas.
Queríamos percorrer a Rota Vicentina com as bicicletas em 3 dias, para chegar de bicicleta em Lagos e finalizar. Porém, por conta dos contratempos provocados pelos erros que cometemos, não conseguimos chegar a tempo pedalando até Lagos e tivemos que devolver as bicicletas ao chegarmos em Sagres. Tínhamos outro compromisso no dia seguinte em O Porto, e não tínhamos como adiar a viagem de trem/comboio desde Lagos para O Porto, já previamente marcada e com bilhetes comprados.
Dia zero da Rota Vicentina de bicicleta: De Lisboa a Santiago do Cacém
Em 22 de outubro de 2018 partimos de Lisboa rumo a Santiago do Cacém. Nosso primeiro contratempo, que quase se tornou um grande problema, foi termos saído do Centro de Lisboa somente a noite para pegar o último ônibus/autocarro para Santiago do Cacém. O transporte saía da rodoviária de Sete Rios em Lisboa, próxima da estação do Metro Jardim Zoológico.
Quase não conseguimos chegar a tempo de localizar o local de embarque na rodoviária. Compramos correndo os bilhetes e finalmente colocamos nossas mochilas no bagageiro e partirmos. O último horário de autocarro disponível para Santiago do Cacém era em torno das 8:20 da noite. Foi tudo às pressas e finalmente entramos no ônibus/autocarro nos últimos minutos antes da partida para Santiago do Cacém.
Saindo de Lisboa, o ônibus/autocarro cruza a ponte 25 de Abril sobre o rio Tejo, passando por Almada e Setúbal, até chegar finalmente a Santiago do Cacém, uma pequena cidade, em Portugal muitas vezes chamada de Aldeia, que fica ao sul no Distrito de Setúbal, já na região do Alentejo.
Foi bem uma experiência estressante sair à noite de Lisboa. Definitivamente não recomendamos. Além disso, o ônibus/autocarro chega tarde da noite, perto das 23h na pequena cidade de Santiago do Cacém. A essa hora quase todos os restaurantes já estão fechados, e nós precisávamos jantar ainda! Além, claro, encontrar o hotel e fazer check in.
As bicicletas alugadas para percorrer a Rota Vicentina
A empresa que utilizamos para alugar as 2 bicicletas está localizada na cidade de Grândola. A empresa se chama Passeios & Companhia. Grândola é uma cidade um pouco maior e próxima a Santiago do Cacém. Por sinal, ótimo serviço e assistência prestado pela empresa. Recomendamos o aluguel das bicicletas com eles!
O melhor neste primeiro dia é se programar para sair mais cedo de Lisboa, ao redor do fim da manhã. Desta forma é possível ir apreciando a paisagem da janela do ônibus/autocarro até a pequena e simpática aldeia de Santiago do Cacém, fazer o check in no hotel ou pousada com calma e encontrar um local que agrade para jantar. Há várias opções de restaurantes disponíveis, desde que não se chegue tão tarde lá.
No dia seguinte pela manhã, conforme combinado, a empresa de aluguel nos entregou as 2 bicicletas em frente ao hotel em Santiago do Cacém. Em relação às bicicletas alugadas, cometemos nosso segundo erro estratégico, pois não fizemos o pedido de bicicletas com alforges para carregar nossos pertences. Utilizamos mochilas às costas o tempo todo do percurso percorrido e isso se mostrou um contra-senso, sendo muito dolorido e cansativo carregar os nossos pertences nas mochilas presas às nossas costas.
Primeiro dia da Rota Vicentina de bicicleta: De Santiago do Cacém a Odemira
Ao iniciar a pedalada na primeira etapa, cometemos nosso terceiro erro estratégico. Decidimos seguir a rota indicada nos mapas pelas trilhas nos bosques ao redor de Santiago do Cacém, indo no sentido de Odemira.
Ao invés disso, deveríamos ter seguido diretamente para o litoral, como sugerido em alguns blogs que consultamos, indo de Santiago do Cacém para Sines. São menos de 20 km até chegar em Sines, e você já chega na belíssima costa portuguesa. Por ali existem várias reservas naturais ao longo das praias e encostas com enormes falésias que se sucedem, até chegar ao extremo sul, no Cabo de São Vicente.
Nosso trajeto previa seguir pelas trilhas em bosques de carvalhos e eucaliptos. Apesar das belas paisagens rurais, esse trajeto nos custou muito esforço físico e tempo. As trilhas eram muito duras para serem vencidas com as bicicletas e o terreno muito acidentado. Havia muitos galhos e árvores caídas impedindo a passagem, além de porteiras de divisórias entre propriedades rurais para serem abertas e novamente fechadas.
Isso tudo sem contar as áreas alagadas, e alagáveis, onde em condições de chuva se tornaria quase impossível progredir. Felizmente o tempo estava bom, com sol e sem chuva.
Na metade do primeiro dia, já exaustos e gastando muito mais horas do que o programado, decidimos seguir pela estrada N-120 até Odemira. Esta é uma estrada nacional que vai descendo para o Sul até Lagos. Foi uma decisão acertada, pois conseguimos progredir da forma esperada, vencendo os km que faltavam até chegar no hostel em Odemira. Ao cair da noite, pedalávamos sob um forte temporal que nos alcançou pouco antes de entrar na N-120.
Percorrer a N-120 também não foi algo exatamente agradável. O tráfego de veículos é bem intenso, com muitos veículos de carga bem grandes e pesados. A decisão de não seguir acompanhando o litoral, passando pelas praias e encostas desde Sines, nos custou deixar de ver e desfrutar das lindas paisagens litorâneas neste trecho inicial.
Segundo dia da Rota Vicentina de bicicleta: De Odemira a Carrapateira
Saindo de Odemira no segundo dia, optamos por seguir uma estrada rural rumo ao litoral. Chegamos na região costeira na altura da localidade de Porto das Barcas, com Zambujeira do Mar logo a seguir. Neste segundo dia seguimos sempre próximos à costa. Passamos também por Carvalhal e Odeceixe, até a pequena cidade de Carrapateira, nosso destino de pernoite ao fim deste segundo dia.
A região costeira percorrida neste segundo dia até Odeceixe faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano, uma área de preservação da fauna e flora muito importante daquela costa. Nesse segundo dia pudemos perceber melhor o que deixamos de desfrutar no primeiro dia, em termos de belas paisagens litorâneas. Conheça um pouco mais sobre Odeceixe e as praias na costa de Aljezur!
Terceiro dia da Rota Vicentina de bicicleta: De Carrapateira a Sagres/Lagos
Saindo de Carrapateira no terceiro dia de pedal, continuamos rumo ao sul por cima das falésias.
Antes de chegar à praia do Amado, podem ser visitados belos resquícios arqueológicos de habitações de grupos humanos pré-Idade Média. Olhando a paisagem, é fácil de entender por que escolheram aquele local para morar. A abundância de alimentos provenientes do mar, logo abaixo da falésia, tornava mais simples para eles a sobrevivência naquele local.
Após a praia do Amado retomamos por outra estrada Nacional, a N-268, que segue rumo ao sul até a cidade de Sagres. Chegando em Sagres fomos visitar o Farol no Cabo de São Vicente. Local de natureza imponente, com altas falésias descendo até entrar no Atlântico bem azul.
Do Cabo de São Vicente fomos visitar a Fortaleza de Sagres.
Dali optamos por entregar as bicicletas em Sagres. Após contato telefônico, a empresa se deslocou de Lagos até lá para nos encontrar ali em Sagres. De Sagres, fomos com o veículo da empresa até o nosso hotel em Lagos, onde pernoitamos neste terceiro e último dia pela Rota Vicentina de bicicleta.
No dia seguinte subimos no trem/comboio para O Porto.
Constatações finais da Rota Vicentina de bicicleta
A rota percorrida não saiu exatamente da maneira como imaginamos inicialmente, e como colocamos no nosso planejamento. Mas, serviu para nos mostrar que teríamos que fazer ajustes para uma próxima vez. Dentre os quais recomendamos:
- Aumentar o número de dias para 4 ou 5 para curtir mais cada local;
- Seguir sempre pelo litoral a não ser que já conheça a rota;
- Utilizar bicicletas com alforjes ou contratar deslocamento de bagagem.
Deixamos estas dicas no blog da Nattrip para os que tenham a intenção de percorrer a Rota Vicentina de bicicleta. Vale muito a pena. Se houver oportunidade, não deixe de experimentar esta aventura!
Paulo Fernandez
Paulo Fernandez é consultor da Nattrip, especializado nos Caminhos de Santiago de Compostela. Concluiu o Caminho Francês desde Saint-Jean-Pied-de-Port no ano Xacobeo de 1999 e o Sanabrês no Xacobeo de 2021.
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